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- BH 14/10/2002
Nenê mostra inéditas e "Caminho Novo" em BH

por: Milton Luiz

Atração de hoje do Música no Museu, baterista quase foi alvo de uma "agressão musical" em trabalho com Elis Regina

Atração de hoje do Música no Museu, quando vem lançar o CD "Caminho Novo", o baterista Realcino Lima Filho, 55, mais conhecido como Nenê, reagiu indignado ao ser informado de matéria publicada na revista "Veja" de 3 de julho. Segundo a revista, em meados de 2001 a gravadora Universal decidiu remasterizar e remixar 14 faixas da cantora Elis Regina para reuni-las numa coletânea, tornando-as compatíveis aos aparelhos de DVD Audio, mais sensíveis e potentes que o velho estéreo. "Como nossos Pais", música de Belchior que Elis gravou, foi eleita para a experiência.

"Como o engenheiro de som achou que o som da bateria não estava bom, chamou Maguinho, baterista da dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó, e pediu que ele concertasse o trabalho feito em 1976 por Nenê", informa a matéria. A modificação só não se consumou porque César Camargo Mariano, músico e ex-marido de Elis Regina, vetou. "Horrível se fizessem isso. E não é por minha causa. Se Elis estivesse viva, ia ser contra. Depois que ela morreu lançaram um montão de discos que ela tinha proibido. Você vê como é o produtor. Talvez o cara quisesse botar um ritmo de hip-hop para soar moderno. A pessoa morre e fazem o que querem", critica.

Nenê trabalhou com Elis Regina algumas vezes, inclusive durante nove dos mais de 12 meses que durou a temporada de "Falso Brilhante". O baterista, que também é de Porto Alegre, avalia que a música brasileira ficou ruim nesses 20 anos sem ela. "Elis foi uma cantora emotiva. Quando tocávamos com ela, ficávamos com os olhos cheios de lágrima por causa da emoção que ela passava. Hoje é raro você ver isso numa cantora. A Elis era especial, nasceu cantora. Não se tornou cantora. Eu acompanhei sua trajetória desde pequenininha. Na época eu morava em Porto Alegre e ela já cantava no 'Clube do Guri'", lembra.

Com passagens profissionais por países tão diferentes quanto Dinamarca e Japão, Nenê foi definido por Hermeto Paschoal "como o maior baterista do mundo". França e Alemanha são os países onde é mais conhecido. "Tenho discos lançados lá. Tenho um público específico que é o mesmo que gosta de música norte-americana e de uma música mais sofisticada. Não são milhões, mas é um público bem legal", conta o baterista, que pretende levar "Caminho Novo" até a França em 2003.

Agenda - Música no Museu com Nenê Trio.
O baterista apresenta repertório do CD "Caminho Novo" ao lado de Guilherme Ribeiro (piano) e Alberto Lucas (baixo).

Novo Colorido à formação tradicional
Nenê mostra no museu as 13 canções de "Caminho Novo", gravado em fevereiro de 2002 no estúdio PMC e viabilizado através da Lei Rouanet. "São dez composições minhas e três do pianista. Também tocamos quatro composições do CD que estamos preparando e vamos gravar em janeiro: 'Canção para Moacyr Santos', 'Belzonte', 'Frevura' e 'Canção para Bil Evans'", antecipa o músico que se apresenta ao lado de Guilherme Ribeiro (piano) e Alberto Lucas (baixo).

O trio, formado há um ano, já se apresentou no interior de São Paulo. Depois de Belo Horizonte, lançam na próxima sexta o CD em São Paulo. "Essa formação - piano, baixo, bateria - é tradicional. Foi uma das primeiras que existiram. Agora, estamos tentando dar um novo colorido nessa formação através das composições, todas baseadas em ritmos brasileiros", diz o baterista, que também é professor na Universidade Livre de Música, em São Paulo.

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