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Saem novos Léa Freire e Rodrigo Lessa

Por: Dafne Sampaio
17/07/2007

Léa Freire, também dona do selo Maritaca,
e Rodrigo Lessa: instrumental pra frente
Tem gente que reclama da falta de espaço para a música instrumental brasileira na grande mídia. Mas é o mesmo que reclamar do sal na água do mar. É chover no molhado. O negócio é continuar tocando, compondo e gravando. Nada melhor que ouvir os novos lançamentos da flautista Léa Freira (Cartas brasileiras, Maritaca) e do bandolinista Rodrigo Lessa (Das ilhas mestiças, independente) para se ter certeza que o instrumental brasileiro vai muito bem, obrigado.

Léa Freira, por exemplo, completou 50 anos em fevereiro último e ao invés de um bolo de aniversário fez um disco. Produzido pelo amigo Teco Cardoso e gravado no decorrer dos anos de 2005 e 2006, Cartas brasileiras é tanto uma bela reunião de composições inéditas de Léa como um encontro animado entre músicos. E tem samba (“Isabella”), choro (“Caminho das pedras” e “Choro na chuva”), valsa (“Maré (Carta marítima)”) e samba-canção (“Rabisco”), entre outros ritmos e misturas, além da presença de músicos como Gil Jardim, Proveta, Paulo Braga, André Mehmari, Edu Ribeiro, Sylvinho Mazzuca, Tiago Costa, Walmir Gil, François de Lima, o grupo Sujeito a Guincho, o saudoso Mozar Terra e a cantora Mônica Salmaso (vocais em “Espiral”, no qual Léa toca piano, e tamborim em “Rabisco”).

Rodrigo Lessa, integrante dos grupos Nó em Pingo D’Água e Pagode Jazz Sardinha’s Club, faz de seu quinto disco solo uma conversa entre as músicas do Brasil, Cabo Verde, Cuba e Caribe. Seu interesse pela brasilatinidade é antiga e aumentou consideravelmente após uma viagem de pesquisa às ilhas de Cabo Verde (seu diário de viagem está disponível no site Overmundo). O resultado é delicioso em muitos aspectos, mas principalmente pelo balanço africano que une todos esses povos e que o bandolim de Lessa tira de letra. Destaque para as miscigenadas “Calango Mindelo”, “Burrito”, “Ilhas mestiças”, “Aresta América”, “Rala coxa” e “Porque que tem de ser assim?”, para os choros “Ponto de bala” e “De mão cheia”, e “Sonhos”, delicada e ligeiramente estranha ao ninho latino. Participações de músicos como João Donato, Tomás Improta, Zé Carlos Bigorna, Jorginho do Pandeiro e Chico Chagas, além dos cubanos Julio Padrón e José Izquierdo, dos caboverdianos Toi Vieira e Vaiss e dos portugueses Janita e Vitorino Salomé.

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