Carta Capital
História Musical em Três Tempos

por: Pedro Alexandre Sanches
05.09.2007

O flautista e compositor Benedito Lacerda (1903-1958) foi um dos pilares fundadores do percurso que a música brasileira cumpriu ao longo do século passado. Primeira de uma série de três, a caixa Benê, o Flautista, Maritaca, com quatro CDs, retoma o fio da história de uma figura forte e controversa, cuja memória se atrela ao pioneirismo na formulação do gênero choro, à glória da “era de ouro” da música nacional e à clandestinidade da compra e venda de sucessos veiculados pelos maiores cantores (e músicos) do rádio.
No segundo CD concentram-se choros como Cochichando, 1 X 0 e Ingênuo, de uma profícua parceria estabelecida no fim dos anos 40 com Pixinguinha, sobre a qual pairam dúvidas e desconfianças. Então relegado ao esquecimento e à pobreza, Pixinguinha teria oferecido as co-autorias em troca da difusão comercial de músicas que na verdade seriam só dele. Mas, para lá das manobras comerciais, os volumes 3 e 4 flagram o Regional de Benedito Lacerda fazendo suporte ao brilho de uma galeria de astros da época, de Carmem Miranda a Silvio Caldas, em uma série de clássicos ligeiros assinados por ele ou por outros.
Na estrada pavimentada por aquela geração caminhariam mais tarde personalidades como o poeta e diplomata Vinicius de Moraes (1913 – 1980), que só a partir do advento da bossa nova (no ano da morte de Benedito Lacerda) fixaria lugar na história como compositor popular. (...)
Em contradição com o caráter elitista das duas homenagens, o exame de fonogramas e partituras não deixa dúvidas a respeito do perfil popular comercial da obra que os dois artistas criaram e da indústria pesada que ajudaram a edificar.
Nos anos 60 (...) Fruto da mesma árvore que criara Benedito e Vinícius, ele, Edu Lobo (...).

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