Revista Bravo! nº 112
Primeira Fila:
Holoforte
Sempre em Boa Companhia
Dezembro 2006

O trombonista Bocato já tocou com Elis Regina, Ney Matogrosso e outros grandes
nomes da MPB. Hoje, no Bar Brahma, comanda uma banda de jovens talentos

B o c a t o
O músico paulista Bocato, 46 anos fuma muito, mostra que tem fôlego e uma habilidade impressionantes. “Meu pulmão é exercitado”, brinca . Não à toa: o primeiro contato com o instrumento se deu aos 6 anos, tão logo entrou para a banda da escola. Depois de seis meses de teoria musical, seu desejo, na época, era tocar pistom ou saxofone. Para tanto, porém, ele precisaria de mais um semestre de teoria. “Mas, se você quiser, pode pegar o trombone agora”, disse o professor. Bocato não exitou – e não largou mais o instrumento. Passou por boas escolas de música, mas nunca foi um aluno exemplar. “Era muito disperso, tinha dificuldade de seguir a partitura de modo correto. Meus arranjos eram todos diferentes.” Tirou proveito disso e aprendeu a tocar o trombone de um jeito particular.

Perfeccionismo
Bocato faz valer o ditado” diga-me com quem andas e eu te direi quem és”. No final dos anos 70, tocou com Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção. Em seguida, acompanhou Elis Regina na gravação de Saudade do Brasil e na turnê pelo País. Também esteve no pauco com outros grandes interpretes, a exemplo de Ney Matogrosso e Roberto Carlos. Do pai sapateiro e sertanejo de raiz, que tocava viola, ele herdou apenas o nome, Itacyr Bocato, mas também o gosto pelas melodias tipicamente brasileiras. Quando morou na Europa, entre 1999 e 2000, numa espécie de exílio artístico voluntário, dedicou-se a pesquisar modos de revitalizar a música popular, “para dar-lhe uma roupa adequada”.
Conseguiu. Seus últimos CDs, os dois volumes de Antologia da Canção Brasileira 1 e 2, em parceria com a flautista Léa Freire, foram aclamados pela crítica. Agora Bocato prepara-se para gravar mais um que deve ser finalizado em abril de 2007, ao lado da banda de 11 músicos que ele mesmo formou. “Garimpei os melhores, os líderes do futuro. Só toco ao lado de quem possa me substituir quando eu parar.” São esses jovens talentos que dividem o palco com ele todas as segundas-feiras no Bar Brahma (tel. 0++/11/3333.0855), no centro de São Paulo, e que sacodem o espaço com arranjos criativos e originais para canções de Adoniran Barbosa e Cartola, entre outros. Como um maestro perfeccionista, Bocato comanda as batidas e até a interação dos cantores com a platéia. “Tocar ao vivo, para o músico e para o público, é um prazer que não se esgota”, diz, cigarro na mão, boca no trombone, prestes a executar mais uma música inspirada.

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